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quinta-feira, junho 09, 2005

Também sou desta geração :)

Em conversa com o irmão mais novo de um amigo,cheguei a uma triste conclusão.A juventude de hoje, na faixa que vai até aos 20 anos,está perdida. E está perdida porque não conhece os grandes valores que orientaram os que hoje rondam ostrinta.O grande choque, entre outros nessa conversa, foi quando lhe falei no Tom Sawyer.
"Quem? " , perguntou ele. Quem?! Ele não sabe quem é o Tom Sawyer! MeuDeus...Como é que ele consegue viver com ele mesmo?
A própria música: " Tu que andas sempre descalço, Tom Sawyer,junto ao rio a passear, Tom Sawyer, mil amigos deixarás, aqui e além... " era para ele como o hino senegalês, cantado em mandarim.Claro que depois dessa surpresa, ocorreu-me que provavelmente ele não conhece outros ícones da juventude de outrora.
O D'Artacão, esse herói canídeo,que estava apaixonado por uma caniche; Sebastien et le Soleil, combatendo os terríveis Olmecs; Galáctica, que acalentava os sonhos dos jovens, com as suas naves triangulares; O Automan, com o seu Lamborghini que dava curvas a noventa graus; O mítico Homem da Atlântida, com o Patrick Duffy e as suas membranas no meio dos dedos; A Super-Mulher, heroína que nos prendia à televisão só para a ver mudar deoupa (era às voltas, lembram-se?); O Barco do Amor, que apesar de agora reposto na Sic Radical, não é amesma coisa. Naquela altura era actual ...
E para acabar a lista, a mais clássica de todas as séries, e que marcou mais gente numa só geração: OVerão Azul. Ora bem, quem não conhece o Verão Azul merece morrer. Quem não chorou com a morte do velho Shanquete, não merece o ar que respira. Quem, meuDeus, não sabe assobiar a música do genérico, não anda cá a fazer nada. Depois há toda uma série de situações pelas quais estes jovens não passaram, o que os torna fracos.
Ele nunca subiu a uma árvore! E pior, nunca caiu de uma. É um mole. Ele não viveu a sua infância a sonhar que um dia ia ser duplo de cinema. Ele não se transformava num super- herói quando brincava com os amigos. Ele não fazia guerras de cartuchos, com os canudos que roubávamos nas obras e que depois personalizávamos.
Aliás, para ele é inconcebível que se vá a uma obra.Ele nunca roubou chocolates no Pingo-Doce. O Bate-pé para ele é marcar o ritmo de uma canção.Confesso, senti-me velho ...
Esta juventude de hoje está a crescer à frente de um computador. Tudo bem,por mim estão na boa, mas é que se houver uma situação de perigo real, em que tenhamde fugir de algum sítio ou de alguma catástrofe, eles vão ficar à toa, à procura do comando da Playstation e a gritar pela Lara Croft.Óbvio, nunca caíram quando eram mais novos. Nunca fizeram feridas, nunca andaram a fazer corridas de bicicleta uns contra os outros.
Hoje, se um miúdo cai, está pelo menos dois dias no hospital, a levar pontos e a fazer exames a possíveis infecções, e depois está dois meses em casa a fazer tratamento a uma doença que lhe descobriram por ter caído. Doenças com nomes tipo " " , que não existiam antigamente.No meu tempo, se um gajo dava um malho (muitas vezes chamado de "terno") nem via se havia sangue, e se houvesse, não era nada que um bocado de terra espalhada por cima não estancasse.
Eu hoje já nem vejo as mães virem à rua buscar os putos pelas orelhas, porque eles estavam a jogar à bola com os ténis novos.Um gajo na altura aprendia a viver com o perigo. Havia uma hipótese real de se entrar na droga, de se engravidar uma miúda com 14 anos, de apanharmos tétano num prego enferrujado, de se ser raptado quando se apanhava boleia para ir para a praia. E sabíamos vivercom isso. Não estamos cá?
Não somos até a geração que possivelmente atinge objectivos maiores com menos idade?E ainda nos chamavam geração "rasca"... Nós éramos mais a geração "à rasca", isso sim.Sempre à rasca de dinheiro, sempre à rasca para passar de ano, sempre à rasca para entrar na universidade, sempre à rasca a ver se a namorada estava grávida,sempre à rasca para tirar a carta, para o pai emprestar o carro. Agora não falta nada aos putos. Eu, para ter um mísero Spectrum 48K, tive que pedir à família toda para se juntar e para servir de prenda de anos e Natal, tudo junto.Hoje, ele é Playstation, PC, telemóvel, portátil, Gameboy, tudo.
Claro, pede- se a um chavalo de 14 anos para dar uma volta de bicicleta e ele pergunta onde é que se mete a moeda, ou quantos bytes de RAM tem aquela versão da bicicleta.Com tanta protecção que se quis dar à juventude de hoje, só se conseguiu que 8 em cada dez putos sejam cromos.Antes, só havia um cromo por turma.
Era o tóto de óculos, que levava porrada de todos, que não podia jogar à bola e que não tinha namoradas. É certo que depois veio a ser líder de algum partido, ou gerente de alguma empresa de computadores, mas não curtiu nada.Hoje, se um puto é normal, ou seja, não tem óculos,nem aparelho nos dentes, as miúdas andam atrás dele, anda de bicicleta e fica na rua até às dez da noite, os outros são proibidos de se dar com ele.
Nuno Markl - O Homem que Mordeu o Cão (My generation)

9 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

oi assentador...gostei muito do teu blog e das tuas piadas....
continua em frente..
cumprimentos

7:22 da tarde

 
Anonymous Anónimo disse...

Éu sou das mães que luto todos os dias contra isso, embora te diga que ser resistente ao bicharoco das modas de hoje não é nada facil...
Mas tb quem disse que ser-se mãe é facil?
Tivemos muita sorte de podermos ser crianças e de aproveitarmos todo o espaço que nos deixarem ter.
Quando tiveres os teus meninos, lembra-te deste texto, para seres tb um dos resistentes :)))
beijocas

11:54 da tarde

 
Anonymous Anónimo disse...

Adorei este texto :) E biba nós e a nossa geração! Compete-nos conseguirmos que muitas dessas coisas não se percam, como diz a emmita. Basta que saibamos incuti-las nos nossos filhos :) Beijo grande, parceiro querido.

6:23 da manhã

 
Blogger sonia disse...

ahahahah
o que eu me ri ao ler esta pérola!
De facto isso é a minha geração :D

1:12 da tarde

 
Anonymous Anónimo disse...

Eu passei por algumas dessas coisas, mas isso realizou-me tanto como saber que os putos de hoje são uns totós, ou seja, nada.
Esta geração de humoristas que nos conquistou pela inovação está a perder a graça ao tornar-se vaidosa cedo de mais. Assim o demonstra este texto, um exemplo de decadência.

1:11 da tarde

 
Anonymous Anónimo disse...

Amigo Nuno,Parabens pelo texto ta excelente ,só lamento que seja realidade e não fixão,um beijo grande e biba a "geração á rasca"..Peixinha_porto

6:44 da tarde

 
Anonymous Anónimo disse...

Revi-me nisso tudo...meu deus, estarei velho? Se são melhores os tempos? não sei! Diferentes são, isso sim...o futuro o dirá! Um abraço, Nuno!!!!

10:18 da tarde

 
Anonymous Anónimo disse...

conannnnnnnnnnnnnnnnn!! gimsyyyyyyyyyy!!!!!!!
(té se me palpita o coraçao...)

3:45 da tarde

 
Blogger AnaBond disse...

Ai, a Super Mulher... claro que me lembro das voltas, o que eu a imitei (tenho perfil para isso, não?).

Ai ai... tou velha tou... até já sou mãe, vê lá tu...

11:45 da manhã

 

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